Celebração da Eucaristia na comunidade marista

Eucaristia, contemplação e missão

Muitas coisas que se destacaram da minha visita na semana passada à Camarões, na África,
giraram em torno das celebrações da Eucaristia. Houve a celebração do aniversário dos padres
Raymond Pelletier e Modeste Azounéde quando o recém-ordenado pe. Stev Youm pregou
vigorosamente sobre o chamado à missão marista. Celebramos a Missa das Primeiras Profissões
de quatro de nossos jovens confrades. Além da celebração diária da Eucaristia durante o Capítulo,
participei de uma vibrante e dinâmica liturgia dominical em nossa paróquia marista. No próximo
domingo, aqui em Roma, celebraremos as bodas de ouro da ordenação de Pe. Pat Devlin. Muitos
outros confrades estão comemorando aniversários agora também.
É um bom momento para cada um de nós refletir sobre o papel da Eucaristia em nossa vida pessoal,
comunitária e missionária. Como maristas, como a Eucaristia é “a fonte e o ápice de toda a nossa vida
cristã”? (Lumen Gentium, 11)
Este tempo de Covid certamente está sendo desafiador. Tem sido
normalmente difícil celebrar a Eucaristia em nossas igrejas. As missas
online têm ajudado muitas pessoas neste tempo de escassez eucarística. O
povo está em condições de escolher a missa online favorita de qualquer
lugar no mundo. Entretanto, pode ser que isto dificulte o retorno ao lugar regular das
celebrações comunitárias. Muitas pessoas questiona a relevância da Eucaristia em suas
vidas. Grandes áreas no mundo simplesmente não tem padres suficiente. Existem também
algumas discussões sobre aqueles que são convidados para a mesa da Eucaristia.
Todo mundo é bem-vindo? O Papa Francisco nos recorda: “a Eucaristia é pão
dos pecadores, não prêmio dos santos”.
Desde o início da Sociedade de Maria a Eucaristia tem sido o coração de nossas orações
contemplativas. O Padre Colin considerou começar uma outra congregação separada nos
moldes da que fundou nosso confrade Julião Eymard finalmente proposta e
implementada.
As declarações para a missão do nosso capítulo geral de 2017 diz: “Assim como Maria refletiu sobre a
Palavra, nós somos chamados a uma vida de contemplação, centrada na Eucaristia, frutificando em serviço dentro e
fora da Igreja”. Esta dimensão contemplativa da Oração Eucarística está no coração de nossa
missão e para muitos de nossos confrades mais velhos isto é a principal expressão da missão.
Demos graças a Deus pela fidelidade e generosidade deles.
A Eucaristia é a forma principal de reunir nossas comunidades em torno da presença viva de
Cristo na Palavra e no Sacramento. Quer seja na Missa diária simples da comunidade local ou
nas maravilhosas celebrações da fé em assembleias eucarísticas animadas, Cristo está sempre
verdadeiramente presente, e a comunidade se reúne para se alegrar e dar graças a Deus por
meio da obra do Espírito Santo. Reunidos em comunidade eucarística, reconciliamo-nos uns
com os outros, rezamos com todas as pessoas que se regozijam ou sofrem e nos nutrimos na
nossa vida quotidiana.
A Eucaristia também nos envia em missão. A última frase da Liturgia é “Vá!”. Expressamos a
presença dinâmica de Cristo na Palavra e no Sacramento por meio de uma vida de serviço
comprometido uns com os outros. Somos alimentados por Cristo na Palavra e na Eucaristia e
ele nos envia a alimentar aqueles que têm fome e sede de tantas maneiras.
No domingo passado à noite, aqui em Roma, nos alegramos com alguns de nossos jovens
confrades que receberam os ministérios de Leitor e Acólito. Esses ministérios, atualmente
renovados em nossa Igreja, convidam cada um de nós a celebrar na Palavra e na Eucaristia a
origem de nossa comunidade marista e da vida missionária.
Fraternalmente, John Larsen s.m.

São Marcelino Champagnat (1789-1840)

Marcelino Champagnat nasceu em um pequeno povoado chamado Marlhes, sul da França, em 1789, ano em que se desencadeou a Revolução Francesa, período de grande convulsão social e política na França e em toda Europa, que gerou graves consequências sociais. O pequeno Marcelino cresceu em meio a esse contexto e em sua adolescência acolheu o chamado de Deus para ser padre na Sociedade de Maria. Depois de ordenado, ele experienciou um forte apelo de Deus diante da morte de um jovem camponês, que não havia sido instruído na fé cristã e nem recebido ensino escolar. Decidido, então, a educar e evangelizar às crianças e jovens do campo, o jovem padre fundou, em 1817, o Instituto dos Irmãos Maristas.

Diante do crescimento de sua obra nascente, Champagnat apresentou Maria, a quem chamava de “Boa Mãe”, como modelo de seguimento a Jesus Cristo. Em sua proposta pedagógica, ele insistia junto aos seus Irmãos que “para bem educar é necessário amar”. Não demorou muito e o jovem fundador começou a enviar seus primeiros discípulos para as pequenas escolas rurais, com a missão de tornar Jesus Cristo conhecido e amado, em meio às crianças e jovens camponesas. Em 6 de junho de 1840, nosso querido fundador celebrou sua páscoa e, em 1999, a Igreja Católica o declarou santo.

Apesar de sua morte, sua pequena obra prosperou e a missão iniciada a mais de duzentos anos tomou proporções gigantescas, espalhou-se pelos cinco cantos do mundo, cativou a muitos homens e mulheres, que se uniram ao belo ofício de congregar educação e evangelização. Entretanto, permanece sendo urgente e atual a inspiração original que fortemente provocou a Marcelino Champagnat: “quantos meninos e meninas se encontram necessitados de alguém que os/as diga o quanto são amados e amadas por Deus”.

Ir. Jefferson Bonomo, fms

 

FRASES

“Irmãos, como é grande o trabalho que vocês fazem, como é sublime! Vocês estão continuamente em companhia daqueles com os quais Jesus se comprazia, já que proibia expressamente a seus discípulos de impedir as crianças de se achegarem a Ele. E você, meu caro amigo, não só não impede, mas ainda faz de tudo para conduzi-las a Jesus.”

“Digam a seus meninos que Jesus e Maria gostam muito deles todos: dos que são bem comportados, porque são parecidos com Jesus, que é o máximo de bem-comportado; dos que ainda não são, porque eles serão.”  

“Digam que Nossa Senhora também gosta deles porque Ela é a mãe de todos os meninos de nossas escolas. Também digam a eles que eu os amo, que não subo ao altar sem pensar em vocês e em seus queridos alunos.”

“Viva Jesus, viva Maria e viva São José! Meu caríssimo Irmão Barthélemy: Não tenha dúvida que eu considero a todos vocês como meus queridos filhos em Jesus e Maria e vocês me chamam com o carinhoso nome de pai; por isso trago a todos bem no fundo de meu coração.”

“Tranquilizo meus filhos; digo-lhes que nada temam, que eu compartilharei de todos os seus dissabores, partilhando até o último pedaço de pão.”

“Comecei, pois, a preparar alguns professores. Dei-lhes o nome de Irmãozinhos de Maria, convencidíssimo de que este nome bastaria para atrair muitas pessoas.”

“Meus queridos e bem-amados, vocês são continuamente o objeto especial de minha terna solicitude. Todos os meus anseios e todos os meus votos têm em mira sua felicidade; isso certamente vocês já sabem.”

“Sim, caríssimos Irmãos nossos, e filhos de Maria, a glória de vocês há de consistir em imitar e seguir Jesus Cristo; que o Divino Salvador os cumule de seu espírito; que a sabedoria dele os dirija em tudo quanto fizerem para sua glória.”

“Desejo e quero que, a exemplo de Jesus Cristo, nosso divino modelo, vocês dediquem terna afeição aos meninos. Com grande zelo repartam-lhes o pão espiritual da religião. Ponham todo seu empenho em formá-los à piedade e em gravar em seus corações juvenis sentimentos de religião, que não se apagarão nunca.”

“Que a união e a caridade, de que fala o discípulo bem-amado, reinem sempre entre vocês. Os que precisam obedecer, que obedeçam com humildade, e os que mandam, mandem com mansidão. Desse modo, a paz e a alegria do Espírito Santo estarão sempre com vocês.”

“Todas as dioceses do mundo entram em nossos planos.”

“Nosso maior desejo é proporcionar uma instituição sólida e religiosa aos municípios que nos honrarem com um pedido de Irmãos.”

“Tivemos a alegria de receber notícias de nossos queridos missionários da Polinésia. Diz ele coisas que muito interessam a nossa Sociedade.”

“Maria, sim só Maria é nossa prosperidade; sem Maria não somos nada e com Maria temos tudo, porque Maria está sempre com seu adorável Filho ou no colo ou no coração.”

“Estou muito aborrecido, mas não desanimado, continuo tendo muita confiança em Jesus e Maria. Conseguiremos nosso intento, não tenho dúvida, só não sei a hora. O que mais nos importa é fazer de nossa parte somente o que Deus quer que façamos, quero dizer: o que nos for possível. Depois disso, deixar agir a Providência. Deus sabe melhor do que nós o que nos convém, o que é bom para nós.”

“Não esqueça de dizer a todos os Irmãos quanto eu os amo, quanto sofro de ficar separado.”

“Deixo-o, meu caro Irmão, nos Sagrados Corações de Jesus e de Maria.”

“Outro bom meio para adquirir as virtudes religiosas, como você bem sabe, caro amigo, é a prática da santa presença de Deus.”

“Nunca desespere de sua salvação, ela está em boas mãos: Maria! Não é Maria seu refúgio, sua Boa Mãe?! Quanto maiores forem suas carências, mais interessada estará Ela em correr em seu auxílio.”

“Encontro-me tão unido a Deus nas ruas de Paris como nos bosques de LHermitage”.

Vamos a Nazaré?

 

Maria é um exemplo de fidelidade e confiança a Deus. Ela, como dizia João Cláudio Colin (fundador da Sociedade de Maria), saboreou a Deus no mais profundo sentido. Saborear é encontrar sabor. E quando você encontra sabor nas palavras de Deus, você percebe que elas dão gosto à nossa vida, elas são capazes de nos nutrir.

Antes de ser Mãe de Deus, Imaculada, corredentora, ela foi Maria. Maria de Nazaré. Ela era uma mulher como qualquer outra, uma pessoa como qualquer outra. Passava pelas mesmas dificuldades que todos e todas. Mas, o que a diferenciava é que ela encontrava paz e confiança na espera em Deus. Esperar não significa descansar ou relaxar. A espera que Maria realiza é a da confiança de que ela por si mesma não fará nada, sem o auxílio do Deus Altíssimo que a sobreveio como Espírito, dentre vários grandes e especiais momentos, em Nazaré. Na concepção do seu Filho, que é o próprio Deus.

E, mesmo sendo a Mãe de Deus, ela ainda se submete à vontade divina para si, para seu Filho e até para sua Família. Antes de Jesus entrar em sua “vida pública”, Ele foi educado por Maria. E ela soube fazer isso com exatidão, porque, acima de tudo, ela o ensinou a esperar e a lidar com as coisas do mundo – e aqui colocamos até os sentidos como dor, sofrimento, ansiedade etc.

Para ela se manter firme em sua missão de Mãe do próprio Deus, ela precisou O saborear de tal forma que não O esquecesse. Que Deus e a vontade divina jamais fossem esquecidos por ela, como de fato não foi. E essa experiência de saborear a Deus não é “simplesmente” um método de oração, mas é, sobretudo, experimentá-Lo, experenciá-Lo, até nas coisas mais simples da nossa vida.

Mas, onde O encontrar? Onde O saborear? Ele mesmo nos diz: “Vinde e verão” (Jo 1, 39). Devemo-nos deixar ser guiados por Ele, assim como Maria o fez, para podermos saboreá-Lo e encontrar em suas palavras o sabor, o gosto, da paz de coração e espírito, e entender que Ele é quem pode iluminar a nossa vida, dando-a sentido, como iluminou a vida de Maria e de todos os santos e santas.

Esse encontro, essa experiência, nos é permitida e concedida porque o próprio Cristo se deixa ser encontrado. Então, não devemos ter medo – porque temos muitas preocupações, somos pecadores ou ainda “vazios” – uma vez que Ele se põe a ser encontrado por todos, principalmente pelos mais necessitados – “Não são os que têm saúde que precisam de médico, e sim os doentes” (Mc 2, 17).

Façamos, então, a experiência de voltar a Nazaré para saboreá-Lo, e veremos que jamais nos esqueceremos de tal encontro. Entretanto, para tal, é necessário muita atenção e vontade. É necessário se pôr em oração, isso é, se abrir e desejar desprender-se de todas as preocupações e da nossa lida cotidiana para encontrá-Lo, assim, podendo fazer sua própria experiência com Deus, como Maria.

É muito importante salientar que cada um e cada uma saboreará a Deus de uma forma diferente, em um lugar, e até mesmo, em um tempo diferente dos demais. Assim como a oração é um método que cada um descobre como funciona da melhor maneira para si, a experiência de saboreá-Lo passa por essa mesma linha. Mas, sabemos que principalmente nesse tempo de pandemia, de isolamento social, onde não temos a oportunidade, muitas vezes, de ir a uma igreja, é preciso que atentemos para programar um momento, preparar um local que seja adequado para tal e desligar-nos de tudo aquilo que possa vir a desviar a nossa atenção. Entre tentativas e acertos aprenderemos a encontrar onde é o nosso “Nazaré” e o sabor da presença e das palavras de Deus para nós.

Que sejamos tocados e encorajados pelo exemplo de Maria para fazermos nosso encontro particular com Ele. E que partir desse encontro sejamos nutridos e fortalecidos para perpetuar os passos de Cristo no mundo com a nossa vida.

Maria, nossa Boa Mãe, a Mãe de misericórdia, olhe e interceda por todos nós, em nossas lutas e sofrimentos que encontramos pelo caminho rumo ao Reino de Deus. Amém!

 

Mauro Miguel, Marista Leigo

São Pedro Chanel, SM (1803-1841)

Pedro (Pierre) Chanel nasceu no dia 12 de julho de 1803 em Cuet, uma pequena aldeia no sul da França, não muito longe da fronteira com a Suíça. Ele foi o quinto de oito crianças da família de Claude-François Chanel e Marie-Anne Sibellas.

Sabemos que aos sete anos de idade ele já estava no campo cuidando de vacas durante o verão. No inverno ele estudava Latim, com outros jovens, na casa de Jean-Marie Trompier, o pároco. Sua vida e educação eram assim naquela época. Pedro fez a sua Primeira Comunhão aos 14 anos de idade em 23 de março de 1817. Mais tarde ele iria dizer ao Irmão Marie-Nizier, aquele que estava junto com Pedro na Ilha de Futuna, que naquele momento ele sentiu a vocação de ser missionário.

Em 1819, Pedro entrou no seminário menor em Maximieux e começou a sua formação para ser um sacerdote. As pessoas que o conheciam na época lembram de um jovem meio quieto, com uma bela voz para cantar e sempre com uma disposição generosa e sorridente. Ele foi ordenado presbítero no dia 15 de julho de 1827, junto com outros 24, por Dom Devie, o bispo da Diocese de Belley.

Na Diocese de Belley estava se formando um pequeno grupo de padres com sonhos de fundar a Sociedade de Maria dedicada a servir a Igreja através da educação de jovens e de trabalhos missionários, tanto “missões populares”, quanto em outras partes do mundo, e tudo do jeito de Maria. O Fundador foi Pe. João Claudio Colin.

Em setembro de 1831, após um breve período como pároco em Crozet, Pedro Chanel ingressou com os Maristas e começou a trabalhar no Colégio em Belley como vice-diretor.

Na época, Roma estava preocupada com a necessidade de aumentar trabalhos missionários na Oceania, aquela vasta região do Oceano Pacífico cheia de pequenas ilhas habitadas pelo povo da Polinésia. Já tinha a presença de missionários protestantes e muitos caçadores de baleias.

A pedido do Papa, os Maristas (Sociedade de Maria) aceitaram esta nova missão e no final de 1836 um pequeno grupo de missionários maristas ( 4 padres e 3 irmãos) sob a liderança do Bispo Pompallier deixou o porto de Le Havre, França. Neste grupo se encontrava Pedro Chanel (33 anos de idade), o Irmão Marie-Nizier Delorme (20 anos de idade), que iria trabalhar com Pedro na Ilha de Futuna. Foi um grupo cheio de jovens: o bispo tinha 35 anos, a idade média dos padres era 33, e dos irmãos 24.

Depois de uma viagem comprida e com a morte de um dos padres (Pe. Bret) perto do litoral do Brasil, Padre Chanel e Irmão Marie-Nizier foram deixados na Ilha de Futuna no dia 12 de novembro de 1837 para iniciar a obra de evangelização. Numa ilha chamada Uvea, com 160 km de distância, dois outros missionários (Pe. Bataillon, que mais tarde iria ser conhecido como “Apóstolo da Oceania” e Ir. José Luzy) foram deixados, enquanto o resto do grupo continuou para Sidnei, Austrália e depois Nova Zelândia, a sede da missão, 2.000 km para o sul.

A ilha de Futuna é como um pingo de verde num vasto Oceano azul! Ela tem 13 km de comprimento e 8 km de largura e montanhas com espinha dorsal. A população da Ilha de Futuna na época de São Padro Chanel era de aproximadamente 1.000 habitantes. O povo vivia dividido em dois grupos de cada lado da ilha e frequentemente havia batalhas entre as duas tribos.

É difícil imaginar as dificuldades enfrentadas por Chanel e Marie-Nizier naqueles primeiros anos de missão. Eles precisavam adaptar a um clima totalmente diferente da França. A comida sempre consistia em “taro”, uma espécie de batata muita dura e de difícil digestão e peixe. Às vezes havia carne de porco doada pelo chefe. Pelo menos o chefe da tribo dominante lhes concedeu uma casinha de palha para morar, e um náufrago inglês, Tomás Boag, ajudou com a comunicação e outras coisas práticas. 

Uma leitura do seu diário e as suas cartas mostra que a missão não avançava. Às vezes havia batismo de crianças moribundas e pessoas bem idosas. Chanel e Marie-Nizier também cuidavam de pessoas feridas nas constantes batalhas entre os dois lados da ilha. Apesar de tudo isso, Pedro não perdeu a sua fé nem o seu ânimo. Começava o seu dia com as suas orações e a Santa Missa antes de sair para fazer visitas às aldeias da Ilha.

Enquanto isso a missão em Uvea ganhava força.

Em maio de 1840 Pe. Chevron e Ir. Attale chegaram em Futuna para ajudar Pe. Pedro Chanel e Ir. Marie-Nizier. Porém, em novembro de 1840 eles receberam um pedido de ajuda de Pe Bataillon em Uvea. Lá ele tinha 1400 catecúmenos se preparando para o batismo! Sem pensar duas vezes, Pedro envia imediatamente Pe Chevron e Ir Attale para Uvea.

Pouco tempo depois, Meitala, o filho mais velho do Chefe Niuliki, pede instrução na fé católica. Isto causa um grande espanto entre os sacerdotes pagãos da Ilha, porque eles bem sabem que a religião do chefe se torna a religião do povo. Fazem planos para matar São Pedro Chanel. Depois de ter enviado mensagens falsas para Marie-Nizier e Tomás para ir ao outro lado da ilha, Pedro Chanel é martirizado por Musumusu à mando do chefe e seus sacerdotes no dia 28 de abril de 1841.

Ao saber da notícia, Marie-Nizier e Tomás fogem para Uvea num veleiro e aos poucos a notícia ia se espalhando ao mundo inteiro sobre o primeiro mártir da Oceania.

Bispo Pompallier chega em Uvea em dezembro de 1841 para resgatar o corpo de São Pedro Chanel de Futuna, que aconteceu em janeiro de 1842. O Bispo Pompallier ficou em Uvea para organizar a retomada da missão em Futuna. No final de maio de 1842, ele com dois padres e o Ir. Marie-Nizier retornaram à Ilha. Em pouco tempo, comovido pelo exemplo heroico de São Pedro Chanel, toda a ilha se converteu.

A história de São Pedro Chanel nos ensina que o “sucesso” e a “fama” neste mundo não são critérios que Deus utiliza para julgar pessoas. O que importa são a fé, a perseverança, o sacrifício, e acima de tudo, caridade, com um amor profundo pela humanidade!

São Pedro Chanel foi um Marista, que tinha um amor profundo para com Maria como base de sua missão, e muito mais.

Pe. Patrick O’Neil, sm

 

Testemunho: Pe. Leandro Martins, sm

Sou natural de Tarauacá-AC.  Através do contato com os irmãos Maristas que residiam na minha cidade, conheci os Padres Maristas. Após um período de acompanhamento vocacional em 2011 entrei na Casa de Formação Marista em Curitiba-PR, onde estudei filosofia. Além do desejo que brotava ao sacerdócio, o que mais me motivou a escolher a Sociedade de Maria como congregação de padres e irmãos Maristas foi o convite de um seminarista Marista de minha cidade. Este convite me encorajou a deixar que aquele desejo fosse externalizado e acreditar na graça de Deus. Após concluir o postulantado em Curitiba, fui aceito ao noviciado. Portanto, em 2014 fui para Davao, nas Filipinas. Em 2016 fui enviado para estudar teologia em Roma, onde também fui ordenado diácono e exerci boa parte deste ministério. Em agosto de 2020 retornei ao Brasil. Em fevereiro de 2021 fui ordenado presbítero. Hoje como padre me foi confiado uma missão no interior da Bahia.

A minha experiência de formação e de missão em diversos países me ensinou que ser missionário é ter um coração aberto ao mundo sem deixar que o medo bloqueie nossas esperanças e expectativas. Essa abertura implica também em disponibilidade em fazer tudo aquilo que a Igreja local precisa. Um Marista é chamado a servir a Igreja do jeito de Maria, independente de onde é chamado a ir. Um serviço que implica em suporte de fé através da educação de crianças, jovens e adultos, catequese em geral, visita aos doentes e prisioneiros, acolhida aos imigrantes, além de realizar os sacramentos que a ele compete; Por isso o Marista defende uma missão sem fronteira e entende que a graça de Deus não é exclusiva a um único país, povo, língua, cultura, classe social ou realidade específica. Qualquer Marista é chamado a viver tudo isso já no período de formação.

Aqui no sertão da Bahia, um local de muita seca, percebo que é um local cheio da presença de Deus, isso é claro, sobretudo, pelo amor recíproco entre as pessoas que aqui moram. Torna-se muito gratificante se deslocar cerca de 70 km em estrada rural para presidir uma missa em uma das comunidades e ser bem acolhido pelo povo. Isso me dá força e me encoraja a continuar acreditando no chamado que Deus me fez.

Pe. Leandro Martins, sm.

São José em nossa história

Para os fundadores da Sociedade de Maria, São José é considerado o patrono, aquele que cuidou de Jesus e Maria e na experiência deles, jamais deixaria faltar nada aos seus.

Muitas foram às experiências relatadas pelos padres, irmãs e irmãos sobre a presença de São José em suas vidas. Nas Constituições está expresso que é aos cuidados de São José que os bens temporais da Sociedade de Maria estão entregues. Quanta confiança! Quanta alegria em ter esse homem, que também é modelo de entrega, de justiça, de acolhida, de trabalho, confiança à Vontade de Deus, de obediência, de seguimento e principalmente de Amor a Jesus e Maria.

São José foi um exemplo vivo de que não se nasce Pai, mas se torna um, aprendeu e ensinou ao mesmo tempo, e essa experiência aconteceu quando ele se abriu às possibilidades que a vida o ofereceu. Mesmo com medo, inseguro, não hesitou em assumir sua humanidade. Contemplando a presença de São José na história da salvação entendemos a vida de Jesus.

Por isso a celebração dedicada a São José se faz necessária, pois por meio dela fazemos a memória e reafirmamos que é possível viver a Vontade de Deus. Estamos vivendo o caos da Pandemia da COVID-19, tempo de insegurança, morte, dor, tristeza, desamparo. Porém, imersos na fé, somos chamados a viver a confiança e a esperança a exemplo de São José que nos momentos mais difíceis de sua vida, foi nutrido pela confiança e a esperança, essas forças motoras o impulsionaram a Fazer a Vontade do Pai, e assumir as consequências do SIM a Jesus e a Maria, que também se estende a todos nós.

Durante este ano de 2021 o Papa Francisco convocou a Igreja a dedicar tempo para comtemplar de maneira especial a figura de São José. Com certeza será uma oportunidade de aprofundarmos nosso conhecimento e alimentar nossa vivência espiritual a partir da história de São José. São muitos os aspectos da vida dele que podem nos ajudar a entender nossa vocação-missão.

Peçamos por intercessão de São José que ele nos ensine, assim como ensinou a Jesus, o que é fazer a Vontade do Pai, Caminho, Verdade e Vida. E que é possível viver a santidade nos dias atuais.

São José, Patrono da Sociedade de Maria, intercedei por nós e pelo nosso mundo.

Cenária de Freitas, marista leiga