Vamos a Nazaré?

 

Maria é um exemplo de fidelidade e confiança a Deus. Ela, como dizia João Cláudio Colin (fundador da Sociedade de Maria), saboreou a Deus no mais profundo sentido. Saborear é encontrar sabor. E quando você encontra sabor nas palavras de Deus, você percebe que elas dão gosto à nossa vida, elas são capazes de nos nutrir.

Antes de ser Mãe de Deus, Imaculada, corredentora, ela foi Maria. Maria de Nazaré. Ela era uma mulher como qualquer outra, uma pessoa como qualquer outra. Passava pelas mesmas dificuldades que todos e todas. Mas, o que a diferenciava é que ela encontrava paz e confiança na espera em Deus. Esperar não significa descansar ou relaxar. A espera que Maria realiza é a da confiança de que ela por si mesma não fará nada, sem o auxílio do Deus Altíssimo que a sobreveio como Espírito, dentre vários grandes e especiais momentos, em Nazaré. Na concepção do seu Filho, que é o próprio Deus.

E, mesmo sendo a Mãe de Deus, ela ainda se submete à vontade divina para si, para seu Filho e até para sua Família. Antes de Jesus entrar em sua “vida pública”, Ele foi educado por Maria. E ela soube fazer isso com exatidão, porque, acima de tudo, ela o ensinou a esperar e a lidar com as coisas do mundo – e aqui colocamos até os sentidos como dor, sofrimento, ansiedade etc.

Para ela se manter firme em sua missão de Mãe do próprio Deus, ela precisou O saborear de tal forma que não O esquecesse. Que Deus e a vontade divina jamais fossem esquecidos por ela, como de fato não foi. E essa experiência de saborear a Deus não é “simplesmente” um método de oração, mas é, sobretudo, experimentá-Lo, experenciá-Lo, até nas coisas mais simples da nossa vida.

Mas, onde O encontrar? Onde O saborear? Ele mesmo nos diz: “Vinde e verão” (Jo 1, 39). Devemo-nos deixar ser guiados por Ele, assim como Maria o fez, para podermos saboreá-Lo e encontrar em suas palavras o sabor, o gosto, da paz de coração e espírito, e entender que Ele é quem pode iluminar a nossa vida, dando-a sentido, como iluminou a vida de Maria e de todos os santos e santas.

Esse encontro, essa experiência, nos é permitida e concedida porque o próprio Cristo se deixa ser encontrado. Então, não devemos ter medo – porque temos muitas preocupações, somos pecadores ou ainda “vazios” – uma vez que Ele se põe a ser encontrado por todos, principalmente pelos mais necessitados – “Não são os que têm saúde que precisam de médico, e sim os doentes” (Mc 2, 17).

Façamos, então, a experiência de voltar a Nazaré para saboreá-Lo, e veremos que jamais nos esqueceremos de tal encontro. Entretanto, para tal, é necessário muita atenção e vontade. É necessário se pôr em oração, isso é, se abrir e desejar desprender-se de todas as preocupações e da nossa lida cotidiana para encontrá-Lo, assim, podendo fazer sua própria experiência com Deus, como Maria.

É muito importante salientar que cada um e cada uma saboreará a Deus de uma forma diferente, em um lugar, e até mesmo, em um tempo diferente dos demais. Assim como a oração é um método que cada um descobre como funciona da melhor maneira para si, a experiência de saboreá-Lo passa por essa mesma linha. Mas, sabemos que principalmente nesse tempo de pandemia, de isolamento social, onde não temos a oportunidade, muitas vezes, de ir a uma igreja, é preciso que atentemos para programar um momento, preparar um local que seja adequado para tal e desligar-nos de tudo aquilo que possa vir a desviar a nossa atenção. Entre tentativas e acertos aprenderemos a encontrar onde é o nosso “Nazaré” e o sabor da presença e das palavras de Deus para nós.

Que sejamos tocados e encorajados pelo exemplo de Maria para fazermos nosso encontro particular com Ele. E que partir desse encontro sejamos nutridos e fortalecidos para perpetuar os passos de Cristo no mundo com a nossa vida.

Maria, nossa Boa Mãe, a Mãe de misericórdia, olhe e interceda por todos nós, em nossas lutas e sofrimentos que encontramos pelo caminho rumo ao Reino de Deus. Amém!

 

Mauro Miguel, Marista Leigo

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