Joana Maria Chavoin: Missão e esperança em tempos de pandemia

Ano passado a Igreja no Brasil no mês missionário, teve como enfoque o tema “A vida é missão” e o lema “Eis-me aqui, envia-me (Is 6,8)”. Embora seja comum a prática da motivação missionária, o contexto sempre carrega traços específicos a cada tempo. E a característica que mudou as nossas vidas neste tempo foi a pandemia da COVID-19. Parece-me que o entendimento que liga a missão é a dinâmica da desinstalação, da disposição em ir ao encontro dos outros, na saída em favor do anúncio e testemunho do Evangelho é plausível.

E se entendermos e ficamos presas à missão enquanto movimento de saída, pois enfrentamos o grande desafio e fomos interpelados a viver a quarentena em isolamento social, de partida teríamos uma contradição e/ou um desafio. E é justamente sobre este aspecto da missão Marista que gostaria de provocar e convido você a refletir comigo. O apelo que se ouvia por todos os lados foram: “Fique em casa!”, como Maristas nosso lema é: Irmos aonde poucos não podem ou não querem ir. Minha pergunta inicial foi: o que Maria faria? Como pedir aos moradores em situação de rua pra ficarem em casa? Como pedi a mãe ou pai de família que não tem o que comer e perderam o emprego e que fiquem em casa?  E tantas outras perguntas surgiram. Como responder e viver a missão em tempos de pandemia? E o Papa Francisco em sua grande sensibilidade nos aponta:

 “Inspiradas em Maria, queremos escutar a voz de Deus nos pequenos sinais da vida, que nos chama a anunciar, denunciar e testemunhar a esperança do Reino na noite escura da realidade socioeconômica e política dos nossos povos”. “(277 – Fratelli  Tutti)

Estamos no meio de uma pandemia, mais de 500 mil pessoas que se foram e deixaram famílias despedaçadas, projetos à deriva, esperanças sufocadas, potenciais perdidos. Mais de 500 mil vidas que se apagaram. Sentimos na pele os mais terríveis impactos dessas perdas de pessoas que se foram engolidas pelo Covid 19, e como que se isto não bastassem, estamos sendo esmagadas pela falta de esperança enquanto  cenário político brasileiro. Frente essa desolação, como Maristas, somos emersas a ser sinal de esperança esperançada de que nos falava o nosso grande pedagogo Paulo Freire. Rezamos com o salmista: “Esperando, esperei… Esperando, esperamos… (Sl 39(40). Esperando, esperancei… Esperando, esperançamos”!

Ás vésperas da festa da nossa fundadora, e com o Papa Francisco, queremos dizer que ao olhar para o passado, temos o sentimento de GRATIDÃO. Pois muitas vidas conseguimos tocar e sermos tocadas, muita solidariedade, várias pessoas se juntaram a nós na missão e longos caminhos construímos juntos. Muitos medos, desafios e alegrias vivenciadas! Ao olharmos o presente, toma-nos o ardor da PAIXÃO que nos leva ao compromisso com a justiça do Reino de Deus anunciado por Jesus de Nazaré. Em relação ao futuro, nós o abraçamos com a motivação da ESPERANÇA no Senhor da Vida que não nos desampara. Somos chamadas enquanto irmãs Maristas a termos cuidado especial para com os pobres e menos favorecidos. Perante uma escolha de trabalhos que pareçam de igual necessidade, não temeremos aceitar o que parece menos atraente e insignificante aos olhos do mundo. ( Cosnt. 36 a.b).

O nosso ser Marista está além de cumprir tarefas ou fazer coisas. Sobretudo, procure viver um grande espirito de fé que a levará a ver Deus em tudo e ainda “Devemos confiar Deus não está morto! ( RMJ 90,3 e 241)

Se olharmos para a vida dos santos, e que não foi diferente da Nossa Fundadora, podemos perceber que toda missão brota de um pedido de socorro! E nossa missão com os moradores em situação de rua e famílias vulneráveis, neste tempo de pandemia que ganhamos um nome novo “Operarias do Bem, em tempo de Guerra” não foi diferente. Somos levadas pela esperança, reconheçamos que é tempo de auto cuidado, porém foi preciso sair em busca da vida que pede socorro. E a prece continua…que cada pessoa se torne uma argila, onde Deus possa plasmar o tempo novo e a vida nova que Ele quer oferecer a todos e todas.

Certas de que o Esperançar da presença das irmãs Maristas em meios aos pobres e vulneráveis faz crescer na Igreja e na sociedade, a criatividade e ousadia na Missão, sendo cada vez mais desconhecidas e ocultas no mundo, fazendo grandes coisas para Deus, como nos convida o venerável Pe. Colin.

Celebramos com alegria e esperança a nossa Festa! E tenhamos um santo e abençoado dia da Nossa Fundadora.    

    Em comunhão e preces,

Ir. Maria Aparecida Cangussú Santana

 

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