PADRE COLIN: UM SANTO PARA OS NOSSOS DIAS!

Ao pensarmos a respeito de um santo nos vem a ideia do que ele foi em sua própria vida e o que representa na atualidade, seja do ponto de vista do exemplo de vida, como pela interseção junto de Deus. Referindo a padre Colin como um Santo para os nossos dias, mesmo sem ser canonizado, podemos pensar que ele tem algo que ainda hoje nos influencia, tanto do ponto de vista do exemplo, como para interceder a Deus por nós. Neste sentido, me vem uma pergunta que penso ser propícia para o momento: por que comprovar a santidade de nosso fundador através da canonização? Recentemente me deparei com a referida definição do título deste texto em um dos encontros do grupo de trabalho para a causa de beatificação do padre Colin: padre Colin: um santo para os nossos dias.

Esta afirmação me chamou a atenção, inclusive usei para dar título ao retiro que preguei para os formandos do aspirantado e postulantado há uns dias. O retiro foi baseado do livro de Justin Taylor: um reinício Marista (A Marist Reset). Este livro nos leva a deparar com a pessoa de Padre Colin em aspectos da espiritualidade. Isso nos incentiva a resgatar a pessoa de padre Colin no sentido de sua colaboração para a nossa vivência da vocação Marista hoje. Sendo assim, eu penso sobre a santidade do Pe. Colin a partir do chamado à santidade que é comum a todos os cristãos que independe da canonização. Ao falar de santidade nos faz pensar no processo para se chegar à canonização que no caso de Colin está ainda em vista da beatificação: o passo que antecede a canonização.

Olhando o processo para a beatificação de Jean-Claude Colin percebemos que isso já tem um percurso longo e de muito trabalho. A causa foi lançada pela primeira vez no Capítulo Geral dos Padres Maristas de 1893. Depois disso nos anos subsequentes muitas idas e vindas e, trocas de postuladores marcaram a história da causa da Beatificação. Bastante estudos sobre as origens maristas foram transformados em publicações que vieram publicadas em virtude disso. Com o objetivo de resgatar e compreender a vida de nosso fundador foram publicadas biografias sendo publicada recentemente em 2018 a biografia completa escrita por Justin Taylor: Jean-Claude Colin: um santo relutante. Mas nunca chegou completar todas as exigências para ele ser beatificado. O Capítulo Geral de 2009 pediu para examinar a causa. Em 2010 os provinciais votaram a favor de reabrir a causa. Em 2011 foi escolhido um novo postulador que está até hoje. Em 2017 foi reaberta com uma ampla investigação por especialistas na diocese de Lyon que foi encerrada ano passado. As documentações foram enviadas a Roma. Também em 2020 formou-se uma nova equipe para promover a causa em cada unidade, à qual eu fui indicado a fazer parte.

Tendo em vista o recente esforço da Congregação para beatificar nosso fundador penso em um elemento que poderia partilhar neste texto e que talvez pudesse reforçar o papel de padre Colin em nossas vidas hoje, consequentemente trazer uma reflexão e inspiração para nós. Este elemento é aquilo que padre Justin Taylor trabalhou em seu livro A Marist Reset. Ou seja,  Padre Colin como guia espiritual. (Cf. Taylor, 2020, pp.59-96).

Como bem sabemos normalmente os santos fundadores são referências espirituais para os seus discípulos a ponto de ser um guia espiritual. Basta recordar de grandes nomes, por exemplo, São Bento, São Francisco de Assis, Santo Inácio de Loyola, entre tantos outros que poderiam ser mencionados aqui. Sendo assim, cabe nos perguntar: padre Colin é um guia espiritual? Seu exemplo de vida nos ajuda a viver a vida marista hoje? Evidentemente que padre Colin, como qualquer um outro fundador, teve pessoas que o influenciaram diretamente, seja por meio de leituras ou de convivência. No caso de Padre Colin podemos citar a aqui: Santo Inácio de Loyola, São Francisco Sales, a Escola Francesa de Espiritualidade, são João da Cruz e Santa Tereza de Ávila, Maria d´Ágreda, o jesuíta Lallemant e, acima de tudo, as Sagradas Escrituras. Esta última até mesmo quando, já bem enfermo, que perdeu a visão ele pedia a um confrade para ler a Palavra de Deus.

Com todas as influências espirituais que ele recebeu podemos dizer que uma coisa nos faz perceber que ele assumiu como próprio: identificação mística com Maria. Esta inclusive pode ser classificada como sendo a meta da viagem espiritual de pe. Colin. Ele expressa nas palavras bem conhecidas: “viver em certo modo a sua vida … aspirar e respirar seu espírito … pensar como Maria, julgar como Maria, e como Maria sentir e agir”. (Constituições de 1872, nn. 1 e 49)

Em resumo, o padre Colin nos inspira a ser santos seguindo os passos dele na medida em que seguimos os passos de Maria. Com simplicidade e humildade buscamos sempre imitar a Maria para chegar a santidade sem que caiamos no orgulho e na vaidade. Desse modo, seguindo os passos de Jesus, abnegados de nós mesmos damos o maior espaço para Deus preencher toda a nossa vida sem nos anular. Isto significa oferecer nos mesmos para Maria, seja individual ou coletivamente como maristas para que sejamos “seus olhos, seu coração, sua voz, suas mãos e pés” (Taylor, 2020, p.96) enquanto Maria nos brinda com o cuidado maternal para seus filhos num mundo ferido por tantos sofrimentos, principalmente nesta realidade de pandemia que temos enfrentado nos últimos meses. Que Padre Colin interceda a Deus por todos nós.

Padre Arnaldo Josias da Silva, sm